segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Escapadinha para o calor tropical das Fiji

Visto este ano não ter tido a oportunidade de desfrutar um verdadeiro verão. Sair de Portugal a meio de Janeiro para vir par a Austrália não foi uma brilhante ideia no que diz respeito a diversão estival. Por isso estando já um pouco cansado e mesmo melancólico com o tempo que se tem feito sentir por Melbourne, decidi fazer uma curta escapadinha ate às ilhas Fiji.




O plano era aproveitar o sol, conhecer pessoal, divertir-mo-nos e ainda fazer o curso de mergulho. Após consultar a previsão metereológica para o país, fiquei um pouco assustado. Pensei que o primeiro ponto do plano, aproveitar o sol, já estaria posto de lado. Mas afinal não. O que vale é que apesar de Fiji não ser um pais muito grande, em área terrestre (18m km2), as suas 322 ilhas e 522 ilhéus estão espaçados de tal maneira que o tempo varia muito entre zonas. O suficiente para que, apesar da previsão ser de chuva em Manta Ray (ilha onde ficariamos por 7 noites), teríamos agradáveis e quentes dias de sol a nossa espera.

7h da manha e estávamos nós, eu e a Marina (minha prima), a tomar o pequeno almoço no aeroporto de Melbourne. Ela já completamente Australiana, a comer um cachorro-quente do MacDonalds (passo a publicidade) e eu no meu belo croissant e capuccino. Sinceramente não percebo como é que alguém, no seu juízo perfeito, consegue comer um cachorro-quente a tal hora do dia, e ainda por cima do MacDonalds. Mas enfim, acho que ainda tenho um pensamento muito conservador no que diz respeito à alimentação.

Depois de 5 horas de viagem, fomos recebidos por uma lufada de ar quente e húmido. Não podíamos estar mesmo noutro sítio que não num país tropical. Fomos recebidos e levados para o hotel. Um belo hotel. Dos melhores, diz a minha prima. E pelo menos para mim, foi mesmo um dos melhores em que já estive. Visto que a qualidade tem um preço um pouco elevado para a minha carteira, só la passámos mesmo uma noite, mesmo só para experimentar. Comemos bem, bebemos melhor e ainda demos um mergulho no mar à hora de fecho do bar.

Estávamos nós no nosso belo sono, quando somos acordados (a Marina porque eu tenho um sono demasiado pesado) por alguém a bater a porta. Como tínhamos pedido que nos acordassem de manhã cedo, pensámos que era o serviço de despertar. Mas o serviço de despertar estava a ser feito com bastante antecedência, lá pelas 5h da manhã, por um belo par de bêbedos (que se diziam irmãos) e que queriam entrar no quarto sabe-se lá para quê (ingenuidade minha): "Olá estou aqui eu e o meu irmão, podemos entrar?" - disse a moça a tropeçar nas palavras e nas pernas. Após ter sido negado o pedido e fechado a porta, a moça volta a insistir algumas vezes mais, até que se cansa e deixa-nos em paz. Azar para a minha prima que já não voltou a adormecer. Eu pelo contrário, foi virar para o outro lado e já estava de volta aos meus sonhos.

No dia seguinte, acordado por uma bela manhã de chuva, fizemos o check-out do hotel, viagem de autocarro panorâmico até ao porto, viagem de barco (3h) até ao nosso destino paradisíaco. Ilha que nos esperava por 7 noites. Eco-resort, tinha-me dito a minha prima. Só eu mesmo é que a faço escolher sítios assim. E é que não era mesmo! Pelo menos tinha casas de banho daquelas que não usam agua, a água para beber era dessalinizada na ilha e não haviam desperdícios de energia para aquecer a água do banho, visto que só havia água fria nos canos. Tudo em nome do poupar recursos.

Fomos recebidos pelos trabalhadores do resort com uma bela musica e cocktail de boas vindas. Apresentaram-nos as regras da ilha e as actividades. Para alem dos 3 instrutores de mergulho, todo os empregados eram autóctones.

O programa de actividades começava com o pequeno almoço às 8h da manhã. Um belo pequeno almoço de comer até não poder mais. Seguido por uma manhã plena de actividade. Mergulhos com Mantas (essas mesmo, aqueles bichos gigantes) que vão alí diariamente para se alimentarem, ou visita à vila, onde íamos até à escola da vila e podíamos trocar experiências com os miúdos. Depois tínhamos o almoço com uns 8 pratos à descrição. À tarde podíamos passear de kayak, fazer pulseiras de casca de coco (muito interessante, tá-se mesmo a ver), jogar volleyball de praia e ainda tínhamos a tão esperada happy-hour, toca a beber. À noite o jantar era entre as 7h e as 8h. Uns dias era buffet, indiano ou fijiano, intercalados com dias de 10 pratos variados a escolha. Claro que o pessoal preferia sempre o bufete, sinónimo de comer até não poder mais.

Entre todas as actividades, ainda tínhamos o curso de mergulho para encaixar. Como o objectivo principal era relaxar, não fazíamos nada com muita pressa nem com muita intensidade. Tudo muito descontraído, bem como eu gosto.

O curso de mergulho foi espectacular. Correu bem desde o princípio. O pior dia foi um mergulho matinal que tinha seguido uma grande noite de copos e festa. Por isso deixo um conselho, se vais mergulhar, não te metas nos copos na noite anterior, é que se torna um pouco difícil de equalizar.

Claro que ainda tirei algumas horas do dia para dar os meus belos passeios de binóculos ao peito e máquina fotográfica na mão. A diversidade não era muita, mas era tudo novo para alguém que nunca tinha estado num ambiente tropical. Mais uma dúzia de espécies adicionadas à check-list. E ainda tive tempo para passar um belo tempo a observar uma raposa-voadora (Pteropus vampyrus) a alimentar-se do néctar duma árvore toda florida.

Ao fim das 7 noites já conhecíamos bem todo o pessoal que trabalhava na ilha assim como eles a nós. Pelos vistos não é normal o pessoal que visita as Fiji ficar muito tempo na mesma ilha. Preferem passar apenas 1 ou 2 noites por cada ilha para verem o máximo de ilhas possível. Mas penso que a nossa opcão foi muito boa, primeiro porque gostámos muito de Manta Ray Resort e depois porque se perde muito tempo a viajar entre ilhas. Já para não falar de ter que estar sempre a fazer check-in e check-out. Confusão a mais para umas férias que se querem relaxadas.

Claro está, com o pessoal sempre a viajar entre ilhas, o estarmos fixos ali não nos impediu de conhecer montes de pessoal que andava a saltar de ilha em ilha. Ficavam todos um pouco surpreendidos por passarmos tanto tempo na mesma ilha, mas aceitavam bem a desculpa de o fazermos tão longo devido ao curso de mergulho. Conhecemos pessoal de praticamente todo o mundo. Austrália, Nova Zelândia, Canada, USA, Colômbia, Brasil, Chile, UK, Alemanha, Itália, Espanha, Noruega, Japão e até Portugal (Carcavelos, como se chamava mesmo a moça???). Uma boa diversidade de pessoal. A maioria andava a viajar à imenso tempo. Alguns como eu, tinham estado na Austrália desde o princípio do ano, onde viajaram e trabalharam e, agora, estavam a viajar por Fiji antes de voltarem a casa. Outros também faziam muito o triângulo Austrália, Fiji e Nova Zelândia. Partilhámos experiências ao jantar e pela noite fora, entre jogos, copos, beber, gargalhadas e muita diversão. À noite também tivemos algumas actividades com o pessoal que trabalhava no resort - danças tradicionais e limbooooooo.




A última noite foi passada noutra ilha. Depois de almoço apanhámos o barco. Pelo caminho ainda fomos saudados por uma gigante baleia-de-bossas (Megaptera novaeangliae). Chegámos então a Beachcomber, mais conhecida pela ilha da FESTA e famosa pelo dormitório comum para 150 pessoas. Prometia uma noite muito agitada com claro está muito álcool, musica e diversão. E assim foi. Finalmente tive a oportunidade de experimentar a bebida típica das Fiji - a Kava - conhecida pelos seus poderes alucinogénos. Sinceramente não senti muito, acho que o poder da cerveja já falava mais alto. Também foi a noite em que mais tarde estendi o meu corpo na cama. Já que era a noite da despedida.

O sol do dia seguinte nasceu e com ele a hora do Adeus. Ou quem sabe de um até breve. Gostei muito de toda a experiência. Não sabendo se volto às Fiji, de uma coisa estou certo, esta viagem despertou-me a vontade de voltar a experimentar o clima tropical, do Sul do Pacífico ou outros.

Na memoria ficam o pessoal que conheci, as experiências que partilhei, o "A Queen", as paisagens maravilhosas, a baleia, as raias, a kava e a diversão durante uma fantástica semana.

1 comentário:

Paulo Talhadas disse...

Sim senhor, que descrição pitoresca. Sinceramente achava que a ideia de férias tropicais, com cabanas de palha e bebidas enfeitadas com sombrinhas coloridas podia estar um bocado exagerada, mas eis que nos dás a prova em contrário.
Com que então a experiência aproxima-se do fim (ou nesta data de comentário, já pleno Outubro, está mesmo terminada?). Foi sempre notório o gozo que ela te deu, e o que parece teres aprendido com ela. Segue com essa vontade de conhecer mais lugares, de cada um que voltas, voltas de certeza melhor.
Abraço