domingo, 13 de setembro de 2009

Último dia no Hales Institute!



Cumpri um dos meus objectivos que me trouxe a Austrália. Terminei hoje o curso de inglês. Apesar de um pouco caro, para alem de ficar sempre bem no CV, também abriu novas portas na minha mente.
Incrível como o tempo passou tão rápido estando uma vez mais a entrar na fase das despedidas e a terminar mais uma viagem. 22 semanas passaram a voar. Felizmente mais uma vez fica a experiência. Conheci gente nova. Pessoas que possivelmente não teria nunca conhecido se não nos tivéssemos cruzados neste curso. Indianos, Chineses, Japoneses, Paquistaneses, Nepaleses, Colombianos, Peruanos, Brasileiros, Polacos, Vietnamitas e resmas de Indianos. Todos eles (e elas) com as suas ideologias: religiosas, sociais, económicas ou pessoais.

Em vários momentos entrámos em algum choque cultural. Tendo sempre tudo acabado da melhor forma, ficando no fim a experiência, a aprendizagem e a abertura da mente a explorar novos horizontes.

Tive que ultrapassar alguns aspectos menos positivos. Como por exemplo o intenso cheiro a carne que emanava dos corpos suados da imensa comunidade indiana e nepalense que frequentava o instituto. Por outro lado o odor intenso dos condimentos, que compõem a base da alimentação desta cultura, que consumiam na sala comum durante o intervalo das aulas.

O dia da despedida foi melancólico, como se espera de qualquer despedida. Muitos cumprimentos, votos de boa sorte e meia dúzia de fotos para mais tarde recordar. Assim se fechou mais uma etapa e se abriu a porta a mais uma curiosidade - a de visitar o continente asiático e aprofundar um pouco mais a experiência sobre estas tão próprias culturas.

Mas antes de tal aventura, a próxima viagem será pela América do Sul. Já vem de longe o desejo por visitar este continente. Mas após ter passado os últimos 7 meses a partilhar experiências com pessoal Sul Americano, este desejo aumentou exponencialmente. Cheguei à conclusão que temos muito em comum. E consegui construir mesmo uma forte amizade. Por isso tenho todas as razões para visitar este continente, principalmente um dos países que o constituem - Colômbia.

Mais cedo ou mais tarde, la irei, como prometi.

Jeguie

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Escapadinha para o calor tropical das Fiji

Visto este ano não ter tido a oportunidade de desfrutar um verdadeiro verão. Sair de Portugal a meio de Janeiro para vir par a Austrália não foi uma brilhante ideia no que diz respeito a diversão estival. Por isso estando já um pouco cansado e mesmo melancólico com o tempo que se tem feito sentir por Melbourne, decidi fazer uma curta escapadinha ate às ilhas Fiji.




O plano era aproveitar o sol, conhecer pessoal, divertir-mo-nos e ainda fazer o curso de mergulho. Após consultar a previsão metereológica para o país, fiquei um pouco assustado. Pensei que o primeiro ponto do plano, aproveitar o sol, já estaria posto de lado. Mas afinal não. O que vale é que apesar de Fiji não ser um pais muito grande, em área terrestre (18m km2), as suas 322 ilhas e 522 ilhéus estão espaçados de tal maneira que o tempo varia muito entre zonas. O suficiente para que, apesar da previsão ser de chuva em Manta Ray (ilha onde ficariamos por 7 noites), teríamos agradáveis e quentes dias de sol a nossa espera.

7h da manha e estávamos nós, eu e a Marina (minha prima), a tomar o pequeno almoço no aeroporto de Melbourne. Ela já completamente Australiana, a comer um cachorro-quente do MacDonalds (passo a publicidade) e eu no meu belo croissant e capuccino. Sinceramente não percebo como é que alguém, no seu juízo perfeito, consegue comer um cachorro-quente a tal hora do dia, e ainda por cima do MacDonalds. Mas enfim, acho que ainda tenho um pensamento muito conservador no que diz respeito à alimentação.

Depois de 5 horas de viagem, fomos recebidos por uma lufada de ar quente e húmido. Não podíamos estar mesmo noutro sítio que não num país tropical. Fomos recebidos e levados para o hotel. Um belo hotel. Dos melhores, diz a minha prima. E pelo menos para mim, foi mesmo um dos melhores em que já estive. Visto que a qualidade tem um preço um pouco elevado para a minha carteira, só la passámos mesmo uma noite, mesmo só para experimentar. Comemos bem, bebemos melhor e ainda demos um mergulho no mar à hora de fecho do bar.

Estávamos nós no nosso belo sono, quando somos acordados (a Marina porque eu tenho um sono demasiado pesado) por alguém a bater a porta. Como tínhamos pedido que nos acordassem de manhã cedo, pensámos que era o serviço de despertar. Mas o serviço de despertar estava a ser feito com bastante antecedência, lá pelas 5h da manhã, por um belo par de bêbedos (que se diziam irmãos) e que queriam entrar no quarto sabe-se lá para quê (ingenuidade minha): "Olá estou aqui eu e o meu irmão, podemos entrar?" - disse a moça a tropeçar nas palavras e nas pernas. Após ter sido negado o pedido e fechado a porta, a moça volta a insistir algumas vezes mais, até que se cansa e deixa-nos em paz. Azar para a minha prima que já não voltou a adormecer. Eu pelo contrário, foi virar para o outro lado e já estava de volta aos meus sonhos.

No dia seguinte, acordado por uma bela manhã de chuva, fizemos o check-out do hotel, viagem de autocarro panorâmico até ao porto, viagem de barco (3h) até ao nosso destino paradisíaco. Ilha que nos esperava por 7 noites. Eco-resort, tinha-me dito a minha prima. Só eu mesmo é que a faço escolher sítios assim. E é que não era mesmo! Pelo menos tinha casas de banho daquelas que não usam agua, a água para beber era dessalinizada na ilha e não haviam desperdícios de energia para aquecer a água do banho, visto que só havia água fria nos canos. Tudo em nome do poupar recursos.

Fomos recebidos pelos trabalhadores do resort com uma bela musica e cocktail de boas vindas. Apresentaram-nos as regras da ilha e as actividades. Para alem dos 3 instrutores de mergulho, todo os empregados eram autóctones.

O programa de actividades começava com o pequeno almoço às 8h da manhã. Um belo pequeno almoço de comer até não poder mais. Seguido por uma manhã plena de actividade. Mergulhos com Mantas (essas mesmo, aqueles bichos gigantes) que vão alí diariamente para se alimentarem, ou visita à vila, onde íamos até à escola da vila e podíamos trocar experiências com os miúdos. Depois tínhamos o almoço com uns 8 pratos à descrição. À tarde podíamos passear de kayak, fazer pulseiras de casca de coco (muito interessante, tá-se mesmo a ver), jogar volleyball de praia e ainda tínhamos a tão esperada happy-hour, toca a beber. À noite o jantar era entre as 7h e as 8h. Uns dias era buffet, indiano ou fijiano, intercalados com dias de 10 pratos variados a escolha. Claro que o pessoal preferia sempre o bufete, sinónimo de comer até não poder mais.

Entre todas as actividades, ainda tínhamos o curso de mergulho para encaixar. Como o objectivo principal era relaxar, não fazíamos nada com muita pressa nem com muita intensidade. Tudo muito descontraído, bem como eu gosto.

O curso de mergulho foi espectacular. Correu bem desde o princípio. O pior dia foi um mergulho matinal que tinha seguido uma grande noite de copos e festa. Por isso deixo um conselho, se vais mergulhar, não te metas nos copos na noite anterior, é que se torna um pouco difícil de equalizar.

Claro que ainda tirei algumas horas do dia para dar os meus belos passeios de binóculos ao peito e máquina fotográfica na mão. A diversidade não era muita, mas era tudo novo para alguém que nunca tinha estado num ambiente tropical. Mais uma dúzia de espécies adicionadas à check-list. E ainda tive tempo para passar um belo tempo a observar uma raposa-voadora (Pteropus vampyrus) a alimentar-se do néctar duma árvore toda florida.

Ao fim das 7 noites já conhecíamos bem todo o pessoal que trabalhava na ilha assim como eles a nós. Pelos vistos não é normal o pessoal que visita as Fiji ficar muito tempo na mesma ilha. Preferem passar apenas 1 ou 2 noites por cada ilha para verem o máximo de ilhas possível. Mas penso que a nossa opcão foi muito boa, primeiro porque gostámos muito de Manta Ray Resort e depois porque se perde muito tempo a viajar entre ilhas. Já para não falar de ter que estar sempre a fazer check-in e check-out. Confusão a mais para umas férias que se querem relaxadas.

Claro está, com o pessoal sempre a viajar entre ilhas, o estarmos fixos ali não nos impediu de conhecer montes de pessoal que andava a saltar de ilha em ilha. Ficavam todos um pouco surpreendidos por passarmos tanto tempo na mesma ilha, mas aceitavam bem a desculpa de o fazermos tão longo devido ao curso de mergulho. Conhecemos pessoal de praticamente todo o mundo. Austrália, Nova Zelândia, Canada, USA, Colômbia, Brasil, Chile, UK, Alemanha, Itália, Espanha, Noruega, Japão e até Portugal (Carcavelos, como se chamava mesmo a moça???). Uma boa diversidade de pessoal. A maioria andava a viajar à imenso tempo. Alguns como eu, tinham estado na Austrália desde o princípio do ano, onde viajaram e trabalharam e, agora, estavam a viajar por Fiji antes de voltarem a casa. Outros também faziam muito o triângulo Austrália, Fiji e Nova Zelândia. Partilhámos experiências ao jantar e pela noite fora, entre jogos, copos, beber, gargalhadas e muita diversão. À noite também tivemos algumas actividades com o pessoal que trabalhava no resort - danças tradicionais e limbooooooo.




A última noite foi passada noutra ilha. Depois de almoço apanhámos o barco. Pelo caminho ainda fomos saudados por uma gigante baleia-de-bossas (Megaptera novaeangliae). Chegámos então a Beachcomber, mais conhecida pela ilha da FESTA e famosa pelo dormitório comum para 150 pessoas. Prometia uma noite muito agitada com claro está muito álcool, musica e diversão. E assim foi. Finalmente tive a oportunidade de experimentar a bebida típica das Fiji - a Kava - conhecida pelos seus poderes alucinogénos. Sinceramente não senti muito, acho que o poder da cerveja já falava mais alto. Também foi a noite em que mais tarde estendi o meu corpo na cama. Já que era a noite da despedida.

O sol do dia seguinte nasceu e com ele a hora do Adeus. Ou quem sabe de um até breve. Gostei muito de toda a experiência. Não sabendo se volto às Fiji, de uma coisa estou certo, esta viagem despertou-me a vontade de voltar a experimentar o clima tropical, do Sul do Pacífico ou outros.

Na memoria ficam o pessoal que conheci, as experiências que partilhei, o "A Queen", as paisagens maravilhosas, a baleia, as raias, a kava e a diversão durante uma fantástica semana.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mais uma grande sessão de capturas em Corner Inlet, Austrália


Venho retratar aqui mais uma aventura que tive o mês passado. Algo parecido com o meu último post, mas onde algo de novo sempre acontece para surpreender.
Neste momento estou precisamente a 31628 pés a cima do nível do mar, algures a sobrevoar o pacífico sul. Acabei de passar 10 dias espectaculares, que deixarei para recontar num futuro post.
Agora voltando a 24 de Julho. Esperava-me mais uma sessão de 4 dias de capturas. Desta vez saí de casa no próprio dia da primeira captura, visto a maré alta estar prevista para o início da tarde. O alvo a capturar eram as duas espécies de ostraceiros residentes na Australia - Sooty and Pied Oystercatcher.
Mais uma vez juntei-me ao grupo VWSG para ajudar nas capturas e anilhamento.

Entre as pessoas fantásticas que compões este grupo, juntando uma boa previsão meteorológica, a sessão prometia mais uma memorável aventura.
No primeiro dia, dos 35 ostraceiros que se encontravam na praia de Toora Beach, 21 estavam anilhados e foram identificados. Tendo isto em conta e, após um grupo de 8 Eastern Curlews se meterem a postos de serem capturados, o objectivo mudou directamente para estes. E em uma questão de segundos, lá estavam todos eles sob a rede. Uma captura magnífica. Para além de ter sido mais uma espécie para juntar à minha curta lista de espécies anilhadas, foi uma das maiores capturas de Curlews em Victoria.

Rede limpa, seca e ensacada. Material arrumado e bucha no estômago. Era tempo de nos meter-mos a caminho da casa da Rose Marie, que mais uma vez nos foi cedida cordialmente. Uma vista fantástica que seguramente dará uma tela formidável.

Os outros 3 dias de capturas - Charles Hall Road, Barry Beach e Roussac Point - correram como esperado. Apesar de no último não termos capturado, pois a segurança dos nossos amiguinhos estão acima de tudo. E apesar dos objectivos mínimos para este inverno ainda não estarem atingidos, o balanço final é positivíssimo. Eu de minha parte adorei, aprendi muito e diverti-me à grande. Apesar do esforço físico inerente a toda a actividade de transporte de todo o material de captura ao longo da praia, ao facto de entrar dentro de água gelada descalço (ninguém manda não me ajeitar em correr com galochas nos pés, ainda cá tenho a marca do último dia que passei o dia enfiado em tal material de plástico) e passar grande parte do dia molhado até às coxas, o que tenho aprendido e me divertido, supera largamente os pequenos encalhes mencionados.

Com o final do último dia veio a despedida e com ela a vontade de voltar em breve, mesmo sabendo que será pouco provável.

Acabo assim com o agradecimento sincero a todos os membros do grupo pela cordial e muito hospitaleira forma como me têm recebido. Agradeço também o esforço que por vezes têm de fazer para que eu os perceba e para que eu aprenda minuciosamente todos os passos de toda o processo que envolve esta magnifica actividade - capturar e anilhar limícolas.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um dia em cheio...ostraceiros, pinguins e focas em Phillip Island!

No domingo passado, dia 24 de Maio, estava marcada a minha segunda sessão de capturas de ostraceiro. Visto a primeira não ter sido lá muito bem sucedida, o meu receio de mais um dia em branco, para ser sincero, preocupava-me um bocadinho.

Mais um dia em que tive de me levantar, ainda o relógio não dava as 6h da manhã. Mala pronta no dia anterior, com farnel e todo o material usual. Lá me pus eu a caminho. Duas horas e meia depois, lá chegava eu ao ponto de encontro. Pontualidade britânica. Poucos minutos à espera, e o grupo estava todo formado. 11 pessoas, uma moto 4 e um hovercraft (que não funcionou, mas que também não fez muita falta). Desta vez pelo menos não foi preciso carregar todo o material de captura às costas. Digamos que teria sido impossível fazer meia hora, pelo menos, de caminhada pela praia sob o peso de canhões, redes e afins.

Mas pronto, chegados ao sitio de captura, e após a montagem relâmpago de todo o sistema de captura, lá estávamos nós a comer a bucha e à espera que a maré fizesse o resto do trabalho e trouxesse as nossas presas até à rede. Mais uma vez lá foi preciso um pequeno empurrão de nossa parte de modo a que os bichos entrassem na zona de captura. Por outro lado, também rezávamos para que os dois pelicanos que teimosamente não queriam sair da zona de captura, mudassem de ares. 10 minutos de insistência e pelo menos um lá se decidiu por ir para a água. E olha, mais vale um pelicano na rede do que 12 ostraceiros a voar.

FIRE... toda a gente a correr... nem tempo tive para descalçar os ténis ou as meias... e olha, foi mesmo assim para dentro de água. A adrenalina da situação assim o impôs.

E o resultado foi...


Apesar de apenas um exemplar destes (Sooty Oystercatcher). Conseguimos capturar 11 exemplares da outra espécie existente na Austrália (Pied Oystercatcher). E ainda um teimoso pelicano, que foi logo o primeiro a ser libertado.

Medidos, pesados, anilhados e de volta à liberdade.


E pronto a manhã estava feita. Restava-nos acabar o farnel que tinha sido interrompido a meio, arrumar tudo e voltar aos carros.

Mas claro. Estava eu na conhecida ilha dos pinguins de Victoria. Não podia voltar logo para casa sem ir visitar estes pequenos amigos. E assim fui. E não podia ter escolhido melhor opção. Para além de uma maravilhosa paisagem sobre o oceano,



na ilha que fica mais longe, à esquerda na foto, esperava lá uma bela surpresa. Montei o telescópio, apontei. E lá estavam elas. A maior colónia de focas na Austrália. Espectacular. Parecia que estava a ver um documentário pela lente do telescópio. Mas desta vez ao vivo e a pouca distância de onde eu estava.


Fenomenal. Fiquei simplesmente maravilhado. Claro que a curiosidade de vários visitantes que passavam perto de mim, os levava a perguntar o que estava eu a ver (na ideia deles, a filmar?). E não foi o meu espanto ao deparar com o espanto deles ao depararem com as focas. A minha explicação para esta falta de conhecimento é a falta de informação ou mesmo de interesse. É que no local, para além do nome (The Seal Rock), não encontrei qualquer informação acerca da colónia de focas ali presente.

Após algumas horas de observação, decidi dar uma volta pelo observatório. Na zona, existe toda uma estrutura de passadiços de madeira, que permite aos visitantes percorrerem a área com o menor impacto sobre a outra espécie (talvez a única) que atrai ali tantos turistas - o Pinguim anão. Estranho como é que uma ave continua a procriar num sítio com tanta perturbação humana. Imagino o quanto stressante deve ser para aqueles bichos estarem no ninho, onde é suposto ser um sítio sossegados e descontraídos, mas que pelo contrário, têm de lidar constantemente com um aglomerado de hominídeos com um olho enorme nas mãos que lhes atira sucessivos flashs de luz ofuscante.



Mas enfim. O pinguim continua a procriar...assim como a foca.

E eu tive de voltar para a minha casinha. Com um grande sorriso na boca. E um pensamento "Vale a pena cá estar!"

domingo, 29 de março de 2009

Western Treatment Plant

Começando por uma breve introdução desta, construída em 1988, com o propósito de servir de estação de tratamento de águas residuais. Esta estação tinha como princípio básico a purificação da água através de métodos naturais. Em português, a tradução literal será fitoETAR.

Uma fitoETAR utiliza um sistema de canais de irrigação. A água ao passar por um campo (ou tanque) com uma composição vegetal específica, sofrerá um processo de limpeza em que serão removidos os compostos orgânicos complexos que esta transporta. Posteriormente, a água seguirá o seu trajecto até ao sistema de água natural (riacho, rio, lago ou lagoa). O objectivo final será a saída de uma água com o mínimo de compostos orgânicos, sem sofrer tratamento químico.

A diferença desta estação, para aquelas que conheço em Portugal será no tamanho. Assim como tudo na Austrália, esta estação é gigante. Em números, são mais de 11.000 ha de área. Este parece-me ser um belo exemplo de como um sistema natural pode funcionar para tratar as águas residuais urbanas. Isto porque esta estação está encarregue de limpar 52% das águas residuais da zona metropolitana de Melbourne, o que dá cerca de 485 milhões de água por dia usada por 1.6 milhões de pessoas.

Adicionando, temos uma estrutura que aproveita ao máximo os aspectos naturais duma zona com este potencial. Como? Birdwatching, investigação e pesca. Apesar de todos os 3 aspectos me interessarem, por agora só me serve o primeiro.

Sábado passado, dia 28 de Março de 2009, 7h30 da manhã, lá fui eu dar uma volta pela estação. Sozinho, sem conhecer minimamente o local, as expectativas iniciais não eram as melhores. Mas no fim, valeu bem a pena. Apesar de não conhecer locais onde poderia parar e perder algum tempo a observar, e apesar de não haverem caminhos que pudesse percorrer a pé, e assim aproveitar as capacidades da área ao máximo, foi uma manhã muito produtiva.

Mais uma vez, e para não fugir à regra, lá vieram uma carrada de espécies novas. 7 novas espécies. O que, e rectificando o número que tinha dado a alguém que me perguntou um destes dias, me dá um total de 72 espécies novas na minha checklist. Ok, não é muito, se tivermos em conta a variedade que existe por aqui, e adicionando que 99% das espécies são diferentes, não me posso esquecer que este último ponto me condiciona em muito a identificação das espécies observadas.

Assim as observações incluíram:
Phalacrocorax varius
Ardea novaehollandiae



Ardea pacifica
Threkiornis spinicollis



Careopsis novaehollandiae
Accipiter fasciatus
Milvus migrans



Milvus sphenurus
Falco berigora



Vanellus miles
Charadrius melanops
Larus novaehollandiae
Ocyphaps lophotes
Steptopelia chinensis
Hirundo neoxenda

«A Western Treatment Plant de Melbourne, localizada em Werribee, é uma estrutura pública fascinante com mais de 100 anos de história.»


Coracina novaehollandiae
Rhipidura leucophrys
Malurus cyaneus
Anthochaera carunculata
Lichenostomus penicillatus
Phylidonyris novaehollandiae
Glycichaera fallax
Passer domesticus
Sturnus vulgaris
Acridotheres tristis
Grallina cyanoleuca
Gymnorhina tibicen
Corvus coronoides


E assim se passou uma manhã. Com uma despedida de várias rapinas a aproveitarem as correntes de ar quente para desaparecerem no azul do céu.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Portugal Natural 2008 - Por Luís Quinta

Este vídeo está simplesmente fenomenal. Tanto a qualidade do vídeo como a montagem, está excelente.

Demonstra bem o quanto enganadas estão aquelas pessoas que defendem que no estrangeiro é que tem coisas boas. Qual Austrália, qual Costa Rica, qual Madagáscar, qual quê. Portugal tem algo simplemente único. Riqueza da qual todo e qualquer português devia ter muito orgulho. Quem quizer conhecer o mundo...faça-o depois de conhecer o seu país. Mesmo sendo pequeno, consegue ter algo muito grande e belo.

O autor deste filme está veramente de Parabéns. Obrigado pelo grande trabalho Luís Quinta.

domingo, 1 de março de 2009

You Yangs Regional Park

Estamos já no primeiro dia de Março. Um quarto para as sete da matina, toca o despertador. Mais uma matinada me espera. Destino: You Yangs Regional Park. Banhoca tomada, bucha na mala, material às costas, e aí vou eu, a caminho de mais uma pequena aventura. Visto estarmos num país onde o perto é sempre um pouco longe, e mesmo sendo este parque um dos parques florestais mais próximos de onde moro, ainda tinha cerca de uma hora de caminho pela frente.

Lá me fiz à estrada. Não foi a primeira vez que visitei este parque. Mas foi a primeira vez que ali fui de propósito só para o explorar um pouco. A poucos quilómetros do meu destino e deparo-me com os primeiros cangurus a pastarem num campo junto à estrada. Uma imagem sempre interessante de se ver. Ainda mais para quem ainda não está assim habituado a ver cangurus todos os dias.

O nome 'You Yangs' vem das palavras Aborígenes 'Wurdi Youang' ou 'Ude Youang' que significa 'grande montanha no meio da planície'. O pico mais alto do parque tem 352m. Talvez chegue aos 360m se contarmos com a torre de observação que tem no seu topo. O pico - Flinders Peak - deve o seu nome ao primeiro explorador europeu a visitar a zona, Matthew Flinders, a 1 de Maio de 1802.

Do alto da torre para além do fantástico panorama, ainda se desfruta a figura da Wedge-tailed Eagle desenhada pelos Aborígenes. Significando a origem de todos os recursos que eles precisam e que a natureza lhes fornece.



Das mais de 200 espécies de aves que podem ser observadas no parque, apenas identifiquei 13. Xissa, ando mesmo a dormir. Mesmo assim, das 11 espécies identificas, 11 eram novos vistos na minha birdlist.

Então cá vai:

Buff-rumped Thornbill (Acanthiza reguloides)
Brown Thornbill (Acanthiza pusilla)
Scarlet Robin (Petroica boodang) Foto em baixo.



Sulphur-crested Cockatoo (Cacatua galerita)
Grey-Shrike Thrush (Colluricincla harmonica). Foto em baixo.



Brown Falcon (Falco berigora)
New Holland Honeyeater (Phylidonyris novaehollandiae)
Grey Fantail (Rhipidura fuliginosa)



Yellow-dufted Honeyeater (Lichenostomus melanops)
Langhing Kookaburra (Dacelo novaeguineae)
Gang-gang Cockatoo (Callocephalon fimbriatum)
Australian Magpie (Gymnorhina tibicen)
Australian Wood Duck (Chenonetta jubata)

Koala (Phascolarctos cinereus). Foto em baixo.



Canguru cinzento (Macropus giganteus)
Black-tailed Wallaby (Wallabia bicolor). Foto em baixo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Um dia pela cidade - Melbourne.

Apesar dos 45 graus prometidos pelas entendidos nas previsões meteorológicas, lá decidi eu passar um dia pela cidade, para conhecer um pouco mais da cultura australiana. Acrescentando que, a minha face forreta, também quis aproveitar a borla que o governo deu nos transportes para este dia.

Após a chegada à cidade de comboio, sentir o quentinho do dia - pois não foram «apenas» 45 graus, mas sim um pouco mais - e almoçar com a minha prima, lá me pus eu a caminho de qualquer sítio.

Pegar no fantástico Guia da Austrália, ver mais ou menos as distâncias, escolher o primeiro destino e fazer-me à estrada. E, nem mesmo a borla do governo, me levou a trocar uma bela caminhada pelos transportes públicos. «Melborne Museum» era o primeiro destino. Pelo caminho lá me fui deliciando com a cidade. A organização regular tipicamente americana, em que as ruas paralelas umas às outras dividem uniformes quarteirões rectangulares. A separação bem evidente das zonas comerciais, das zonas hoteleiras e das zonas residenciais. Por sua vez as zonas comerciais a ocuparem as principais avenidas com inúmeras placas indicativas de cada negócio, levando a uma mistura de cores espectacular.

Depois de algum tempo, e uma pequena paragem para comprar o guia de Aves Australianas - acto crucial para a minha sobrevivência futura - lá cheguei ao «Melbourne Museum».




Mesmo se o museu fosse uma desilusão, o facto de estar com uma temperatura bastante mais agradável que aquela que se fazia sentir na rua, já era um grande motivo para ter lá estado. Mas, não foi preciso. O museu, apesar de pequeno para a vasta área do conhecimento que abrange, está muito bem conseguido. Está dividido em seis áreas principais:



história natural,



floresta húmida australiana,

cultura indígena, evolução e ADN e a



história de Melbourne.

Bem esta última foto, parecia estar a adivinhar o futuro. Passadas algumas horas, poderá mesmo ter sido uma espécie de Déjà vu para o seu autor. Pois, devido ao calor, as entidades competentes viram-se obrigadas a cortar a electricidade em certas áreas de algumas cidades, incluindo Melbourne, para poupar no consumo de electricidade. Visto este estar a ser perigosamente alto devido ao uso contínuo, e em massa, dos ar-condicionados.

Terminada a visita do museu, de volta ao calor sufocante, lá me pus eu a caminho, agora sem destino, apenas desfrutando o que a cidade me tinha para oferecer.



A primeira, algo caricato. Parece que por aqui não brincam em serviço. Se é «Wrong way» é porque é mesmo. eh eh!!

Voltando ao centro, rua à direita, rua à esquerda. E...



...«Chinatown». Uma zona repleta de lojas e restaurantes asiáticos. Sendo os habitantes dos andares superiores possivelmente também asiáticos.

Continuando, paragem para um refrigerante para arrefecer. E retorno ao trabalho da minha prima. Desta vez já num ambiente informal. Com toda gente a beber cerveja. Conheci assim os colegas da minha prima. Entre outros, apenas quatro ao todo, apresentou-me uma «Dealer» e dois maricas. Tudo gente boa. eh eh!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O inicio da experiencia - Australia

Comecar mais uma grande viagem. A maior ate agora. 26h de aviao. +/- 19000 Km.

Tomar o pequeno almoco em Lisboa. O lanche da manha, algures entre Espanha e Franca. Esticar as pernas em Londres. Almocar algures pela Europa do Leste, ou quem sabe sobre Gaza. Mais um lanche, agora pela Asia. Abastecer em Hong Kong. E possivelmente o ultimo lanche e jantar ja em pleno Indico (e tambem um almoco, pois que isto com os fusos horarios, e sempre motivo para mais uma refeicao; e visto ter escrito o texto antes de ter terminado a viagem).

Reduzir uma viagem deste tamanho ao que se come, parece ridiculo, mas podem crer que e a unica coisa que se faz num aviao. Ou pelo menos que tencionam que facamos. Visto estarem sempre a servir refeicoes, ou bebidas varias, ou mais um cafe, e mais um chazinho. Parecemos verdadeiros porcos de engorda. Se bem que acho que os porcos nao conseguem comer tanto em tao pouco tempo.

Adicionalmente, e apesar de a viagem ser de 26h, as 36 horas que separam a partida da chegada, em parte devido ao fuso horario, incrementam a necessidade no aumento do numero de refeicoes fornecidas e realizadas.

O Boeing 747 e gigante, com a 2a classe num piso e a 1a no piso de cima. Mas os lugares, pelo menos em 2a classe, nao sao assim tao espacosos. Notando-se mais quando se tem uma dor aguda na zona do coxis, aumentando o factor de sofrimento imposto pelo passar tantas horas seguidas sentado. E dificil apanhar posicao para estar 26 horas sentado, isto mesmo alterando ligeiramente a mesma.

Mas pronto. A comida e boa. O tinto e o branco australianos relaxam. E depressa chegarei ao destino.

O ingles esta enferrujado, mas tera de arrebitar. Precisa e de uso. E a bela da lei de Lamarck, a do uso e do desuso.

E assim abro mais um capitulo que espero que venha repleto de belas aventuras de experiencias enriquecedoras.
Vou dando noticias.

Algures no meio da Viagem.
(A falta de acentos e problema dos teclados australianos)

13 de Janeiro 2009