sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Terramoto emocional

É estranho em como apenas uma semana, tanta coisa pode acontecer.
Um dia estamos cheios de certezas, no outro cheio de dúvidas.
Ontem tínhamos o mundo a nossos pés, hoje estamos nos pés do mundo.

Um simples sorriso...duas vagas palavras...três vulgares trocas de ideias...e um crescer enorme de uma grande vontade... de uma simultânea saudade... uma crescente confusão.
Não sei se devido à solidão, apesar de nunca estar só... talvez pela simples curiosidade por algo novo. A verdade é que o efeito é desastroso.
O efeito do cruzar-se com uma nova pessoa... como poderão simples trocas de ideias, em curtos períodos de tempo, criar tanta confusão na nossa cabeça?

Porém, o quase certo, será então, numa semana que se avisinha...tudo simplesmente passar, e a estabilidade voltar. Com ela voltão as certezas e assim voltamos a ter novamente o mundo a nossos pés.


Miguel

segunda-feira, 21 de julho de 2008

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Uma despedida em Grande!!!

Por nove meses este foi o panorama que tive cada vez que me levantava de manha.



Cheguei passei pelo branco do e acabei no colorido da
Sempre que estava no campo foi esta a minha casa.



Vi o evoluir anual de toda a paisagem...cheguei com o Outono... passei pelo branco do Inverno... e terminei com o esplendor colorido da Primavera.

Depois para me despedir, escalei um pouco para poder ter um panorama geral de todo aquele sitio maravilhoso que me acolheu.



Nao fui sozinho...



Chegamos la acima e foi espectacular...e nada mais espectacular que o pairar gracioso de um Quebra-ossos...uma despedida em cheio.



Ainda com a observaçao de duas Aguias Reais e dois Veados, infelizmente nao suficiente perto para poder ficar com uma boa recordaçao...uma simples foto, que somadas a tantas outras me permitirao recordar para sempre este ano espectacular e tao especial da minha vida...de biologo, de viajante, de amante da natureza.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Entre a beleza natural do Lago Maggiore e a unicidade de Veneza!!!

Um fim de semana para recordar!!!
Desta vez com a companhia da minha mãe e do Rui.

Sexta-feira, 13 de Julho, percorremos toda a parte central do Lago Maggiore. Até Laveno em comboio. Intra, Ilhas Borromee ("Bella", "Madre" e "Dei Pescatori") e Stresa de barco. E, finalmente, Alpino (800m a.s.l.) e Mottarone (1.491m a.s.l.) de teleférico.
As ilhas Borromee são pequenas ilhas que pertencem à família Borromee. A ilha "Madre" com o seu grande palacete, a ilha "Bella" com os seus belos jardins e a ilha "dei pescatori" com as conspícuas casas de pescadores, dão a esta zona do lago uma atmosfera única, que nos faz esquecer tudo o resto.
Em Stresa, apanhámos o teleférico que nos levou primeiro até aos meros 800m de altitude que já nos permitiam ter uma espectacular panorâmica, a partir do jardim botânico, não só do Lago Maggiore e sua envolvente, como também dos Lagos Varese e Monate. Depois, insestindo um pouco na subida, e chegamos ao topo do monte " Mottarone", a sua beleza do Lago pode ser deslumbrada em toda a sua grandeza e esplenditude.
Para completar todo o panorama de lago, ilhas, vilas características e palacetes que parecem ser tirados directamente de contos de fadas, temos todo o cenário envolvente e monstruoso formado pela cordilheira central Alpina. Montanhas gigantescas que atingem os 4 mil e pouco(ou muito) mestros de altura.

O Lago Maggiore é o segundo maior lago de Itália. Divide as fracções norte de duas importantes regiões da Itália, Lombardia a a Este e Piemonte a Oeste. E ainda é partilhado com a Suiça. Um lago verdadeiramente grande com uma beleza bem proporcional. Este lago, tal como todos os lagos do norte de Itália e mesmo do Arco alpino, tem uma origem pós glacial (+/- 30 mil anos). O lago pode ser percorrido de norte a sul por barcos que ligam as várias cidades que ocupam as suas margens.


Sábado foi dia de Veneza. Ainda não batiam as 5h da manhã e já estavamos a pé para apanhar o comboio em Varese que primeiro nos levava a Milão de onde depois apanhámos um outro para Veneza.
Apesar do tempo (metereológico) não ter ajudado, e o tempo (horário) ser curto, a magia de Veneza é algo que dislumbra qualquer um. É a segunda vez que lá vou e ainda me consegue empressionar. É fantástica toda aquela vida, tão diferente do que estamos acostumados a ver e que se pode viver em qualquer outra cidade. Veneza é muito única, posso dizer mesmo que é especialmente diferente.
Apesar da confusão inerente ao turismo a que é sujeita nesta altura do ano (quem me conhece sabe porque o refiro) esta cidade não perde a sua magia e mesmo a sua simplicidade. Os defeito impostos pelo consumismo que leva um simples café atingir os 6€, em plena Praça de São Marcos, são largamente dissolvidos por toda a beleza proveniente mistura de cores das casas com os labirintos de ruas e ruazinhas, juntando o emarinhado de canais que são a principal via de comunicação.

Mais uma vez toda a viagem foi feita com recurso apenas a transportes públicos, comboios barcos e metropolitanos, que desempenharam muito bem a sua função de comunicação e deslocação entre longínquos pontos, provando mais uma vez como se pode deixar o transporte pessoal de lado, evitando assim preocupações e impactos desnecessários.


Domingo, 15 de Junho de 2008
Nuno Oliveira

terça-feira, 6 de maio de 2008

Marina di Ravenna - Um fim de semana à beira-mar!

Sexta-feira,2 de Maio de 2007

E lá nos fizemos nós à viagem. Eu, Marti e o nosso bem mais precioso (ou do dono), a tenda de Mosè. Entre comboios regionais, mais uma vez para poupar ao máximo na viagem, Varese-Milão, Milão-Bologna, Bologna-Ravenna, e o autocarro de Ravenna até Marina de Ravenna, após 7h de viagem, lá chegamos nós ao parque de campismo.

Encontrado o sítio para montar a tenda, e montada a mesma, lá fomos nós...ancioso eu por ver o mar de perto...é que isto de não ver o mar por muito tempo, mesmo o tendo visto na última viagem que fiz, não dá com nada. E a vontade de dar um mergulho era enorme, sendo o primeiro ano em que fiz o primeiro banho tão tarde.

Apesar disto, ainda não foi neste dia que fiz a tão desejada imersão no belo, mas gelado, caldo Adriático.

Deixando esta parte um pouco para diante, e continuando o seguimento dos acontecimentos. Após um belo passeio pela praia, lá fomos ao encontro dos nossos (leia-se da Marti) amigos. Um grupo intercultural e mesmo intercontinental, onde para além dos 3 italianos, havia o belo Tuga, eu mesmo, um Australiano e um Americano. Tudo pessoal simpático, o que prometia um belo fim de semana.

Bebida uma cerveja, a indecisão em escolher um sítio para comer, após alguns andar para a frente e para atrás, lá escolhemos a simples piadinoteca. Não fosse Ravenna a capital do piadino. E também pelos vistos a capital da noite precoce, isto porque tudo acaba cedissimo. E à falta de melhor, lá acabamos nós a noite num jogo multi-nacional de Mini-golf. Como de costume, comecei bem, mas acabei mal. Mas fizemos uma bela partida, muito divertida, e bastante regada com a bela Carlos Alberto. Acabou assim a noite por volta da meia noite, com uma multa de estacionamento.

Sabado, 3 de Maio de 2008

Depois de todo um dia de praia, no meio do qual chegou mais um amigo italiano.

E com medo de perder a melhor festa de Marina di Ravenna, por volta das 17h lá estavamos nós a tomar o belo banhito a beber mais umas jolas, e a preparar-nos para a dita.

E mais umas cervejas pó caminho... e chegámos à correnteza de bares de praia. O verdadeiro caos...nunca pensei que fosse possível...e muito menos que eu estivesse mesmo algum dia numa festa que inicia às 18h da tarde, ainda iluminada pela luz do sol, tendo o mar como panorama. Por um lado fazia lembrar as Matinés para os mais jovens em Lisboa.

Mas por incrível que possa parecer foi espectacular. De vez em quando, quando me dava conta do cedo que era, não conseguia parar de rir. Mas foi muito divertido, e uma experiência muito interessante, apesar de estranha. Como era de esperar, de algo que tão cedo inicia, cedo irá terminar. Assim, pouco antes ou depois da meia noite e tavamos nós a caminho do descanso, sem antes não fazer uma pausa para uma bela pizza.

Domingo, 4 de Maio de 2008

E foi o dia de desmontar a tenda e fazer-nos ao caminho de regresso.

Com uma paragem e breve vesita por Ravenna, que tanto é conhecida pelos seus mosaicos espectaculares. Apesar de pouco termos visitado devido à, talvez, ganância, ou talvez, inteligência economicamente limitadora, que levou algum ideologista a criar um bilhete em que só oferece a escolha de ver 4 monumentos da cidade ou então não poder ver nenhum. Levando-nos à segunda opção, talvez forreta, mas correcta, na minha opinião.

E assim se passou um belo fim de semana, e mais uma pequena parte de Itália fiquei a conhecer.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

VI Congresso atIT, Parco Naturale Adamello-Brenta, JJ3


Com o intuito de assistir ao VI Congresso de Teriologia, 2008, organizado pela atIT em Cles, já fora mas muito perto do Parque Natural Adamello-Brenta.

Ficamos hospedados, durante as 3 noites, num Agriturismo ("Renetta") na pequena vila Tassulo.
Uma estalagem muito acolhedora, retratando um refúgio de montanha, que todas as manhãs nos regalava um verdadeiro pequeno(só mesmo de nome)-almoço dos deuses com uma mesa repleta de óptimas iguarias.

Infelizmente o congresso começou logo com uma infeliz notícia. JJ3, um urso pardo ("Ursus arctos"), que após alguns desacatos com contentores públicos para os desperdícios urbanos, no dia 15 de Abril (dia anterior ao primeiro dia de conferência), as autoridades Suiças se viram obrigadas a abater, alegando que esta situação se vinha a prolongar à demasiado tempo.

Após alguma pesquisa, a informação que obtive foi que JJ3, pelas suas dimensões, e por se ter habituado a procurar estes recursos urbanos, perdendo assim o medo do Homem, se tornou um perigo para os residentes locais.
Que é um perigo, não se questiona, mas a resolução terá sido a melhor? Estará a comunidade Suiça pronta para receber outros ursos que futuramente decidam passar a fronteira, como defendem os responsáveis governamentais suiços para o ambiente?
A situação piora um pouco quando:
-JJ3 vinha a ser monitorizado desde 2007 pelas mesmas autoridades que o abateram, tendo sido gasto cerca de SFr300,000 ($299,925) durante todo o ano;
-o mesmo pertencer a uma população(?) centro-alpina de apenas 20 exemplares;
ter sido o segundo exemplo de abatimento após movimento transfontreiriço nos últimos 2 anos, seguindo o mesmo fim do seu irmão JJ1, morto em 2006 na Bavaria;
-ser resultado de um projecto a longo prazo, de reintrodução, realizado pelas autoridades italianas no Parque Nacional Adamello-Brenta no fim dos anos 80, após se encontrar quase em extinção no mesmo;
-quando a Suiça pertence ao grupo, a que chamam, dos Países Desenvolvidos, visando estes uma política de gestão sustentável dos recursos naturais;
-e muito mais poderia dizer mas receio vir a alongar-me demasiado...

Mas voltando à conferência, muito foram os trabalhos expostos, os métodos criticados e a informação absorvida.

No segundo dia de conferência, como nos esperava uma manhã repleta com um assunto, não menos importante, mas talvez mais distanciado dos nossos objectivos de trabalho actual, a parasitologia, decidimos fazer um pequeno passeio pelo Parque Natural e assim conhecer um pouco da sua natureza selvagem.

E que bella surpresa nos esperava. Nada melhor para repôr um pouco de alegria, após a triste notícia do dia anterior, que a observação de todo um completo traçado de pegadas sobre a neve de um pesado e enorme adulto (que deveria ser uma fêmea) e pelo menos de uma cria de urso pardo. A alegria foi enorme, a raridade da observação de uma pista de 2 de 20(agora 19) indivíuduos distribuídos por uma área de 620.51km2 é, como é de esperar, elevadíssima.

O parque é simplesmente espectacular. Com um manto verde composto por uma rica floresta de coníferas só quebrada por enormes precipícios e ravinas cavadas naturalmente na rocha. Estou desejoso de lá voltar muito em breve, e passar um belo fim de semana no meio do parque, e quem sabe se em vez de indícios de presença, não vejo mesmo um belo exemplar...é muito difícil, mas sentado no sofá é que não os vejo de certeza, a não ser na TV.

(foto de Asbrauss)
Nuno Oliveira

domingo, 20 de abril de 2008

Eu sem ti...

Eu sem ti...sou como um jardim sem flores...
...como o céu sem estrelas...
...como uma coca-cola sem cafeína.

Io Senza te...sono com'uno giardino senza fiori...
...come il cielo senza le stele...
...come una coca senza la caffeina.

Nuno

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A mudança...Não poderia deixar de lhe dedicar algumas palavras!!!


E hoje mais uma vez nos demos conta da velocidade a que passa o tempo, e tem passado nos últimos meses. A primeira baixa ocorreu. O nosso puto mais novo voltou à sua casa, à sua família ao seu mundo.


A príncipio mal nos conhecíamos. Talvez se não tivessemos embarcado nesta aventura juntos nunca nos viríamos a conhecer.

Parece que foi ontem que chegámos e já seis
meses de convivência passaram. Partilhamos a mesma casa. Cozinhamos em conjunto. Disfrutamos e demos a disfrutar das iguarias que cada um proporcionava. As sempre animadas jantarmos em família, onde procuravamos o refúgio e a compensação da saudade da família ausente e distante, de que tanto sentimos falta. Discutir sobre os mais variados aspectos. Alguns pontos de divergência encontrados. A teimosia de um ou de outro. Os caprichos, os gostos, os "não gostos" e tudo o que define uma pessoa como única, dando-lhe assim a sua própria personalidade. A cidade que se possivelmente não será a melhor para ter uma vida ERASMUS, pelo menos não igual às outras, mas que seguramente é muito especial. Eu, posso dizer que muito tenho aprendido com esta experiência que para ti hoje atingiu o seu fim.


Mas no fim, as ilações que tiro dos últimos meses são positivíssimas. Gostei muito de te conhecer e de partilhar esta experiência nova e única contigo. Aprendi muito e espero que também tenhas aprendido qualquer coisa, e mais importante que tudo, que tenhas gostado tanto ou mais que eu e que te tenhas divertido. Sabes que esta casa estará sempre aberta, pelo menos por mais três meses.


O tempo passa mas o que conta é a experiência que se viveu, que esta tenha valido a pena e que nos tenha ensinando qualquer coisa.


Agora uma pequena grande mudança, não só deixamos de ser só portugueses em casa como também deixou de ser uma casa de biólogos. E para mais, passou a ser uma casa com um SexRatio muito desproporcional. Restando apenas eu para defender o pequeno Y, numa casa com 3 pares de XX.


Foi uma casa só de portugueses e só de biólogos. Agora temos uma nova co-inquilina, Economista e Alemã. O idioma muda, deixa de se falar tuga em casa para falar italiano, o que não deixa de ser positivo. Prespectivo que esta experiência vá continuar muito bem, apesar das alterações inerentes ao factor mudança. Agora poderemos conhecer também melhor esta cultura que para mim (ignorante) é tão desconhecida.


Um abraço para o António, o meu irmão erasmus, um puto que contagia qualquer um com a sua boa disposição.


Nuno Oliveira

sábado, 12 de abril de 2008

12dias + 1 País + 10 cidades + 2 amigos + pouco dinheiro + muita vontade para viajar = 900FOTOS


Não sei se posso designar as cidades que visitei como aquelas"cidades que caracterizam" um dos países do mundo mais influenciado pelas diversas formas de arte. Mas seguramente são aquelas que quando fazemos uma pesquisa rápida sobre "Itália", mais fotos nos são mostradas, e mais informação temos à disposição.

Veneza – Verona – Lago de Garda (Sirmione) – Pescasseroli (Parque Nacional de Abruzzo Lazio e Molise) – Roma – Vaticano – Florencia – Pisa – Cinque Terre (com paragem em Portovenere) – Génova – Turim – Milão

19 de Fevereiro de 2008, 7h da manhã e lá estávamos nós, eu e a Tânia, de malas às costas, a entrar no primeiro comboio que nos ía levar à primeira cidade do nosso itenerário.
A aventura começou verdadeiramente com Veneza. Uma cidade sem igual, onde nas ruas não há alcatrão ou calçada mas sim água, onde os veículos terrestres são trocados pelos aquáticos, onde os coches turísticos dão lugar às famosas Gôndolas e onde nos damos conta como nem tudo tem de ser igual.

Verona é a segunda cidade escolhida, a cidade de Giulietta&Romeo. Uma cidade que não tem o problema das metrópoles, porque não o é. Com monumentos fascinantes e com um grande peso histórico-cultural como a gigantesca “Arena” - a terceira maior do mundo – e a casa de Giulietta ou um miradouro que nos permite um panorama maravilhoso sobre toda a cidade, Verona è um ponto de paragem obrigatório para quem pretende conhecer um pouco da história Italiana.

Sirmione. A princípio fora do itenerário, mas devido a problemas que não se podem prever que uma viagem deste tipo acarreta, foi incluída, e ainda bem. O Lago de Garda è o maior lago da Itália. E para quem não sabe, muitos, grandíssimos e lindíssimos são os lagos que constituem a Itála, especialmente a região norte. Sirmione è uma pequena vila, ocupando uma pequena península no interior do lago, permitindo observar grande parte do enorme lago que tem como fundo os Alpes. Dá para imaginar todo o quadro.

De Verona para Roma, um comboio com uma grande aventura. Paragem em Bolonha para trocar de comboio. Como pretendemos fazer toda esta viagem de noite, chegados a Bolonha, dirigimo-nos à bilheteria da estação com o objectivo de reservar uma “cuccette” para assim podermos descansar. A resposta foi que não só não havia “cuccette” livre como nem mesmo qualquer outro tipo de lugar…não nos fomos nós esqueces que estávamos na 5a feira da semana de Páscoa. Assim era possível viajar para Roma mas de pé. Ok, pensamos nós. Talvez sejamos os únicos a ir em pé e pode ser que alguem tenha desistido da viagem. Esperamos duas horas pelos comboio, e que surpresa…parecia um comboio em plena Asia…só faltava pessoas por cima das carroagens ou empoleiradas nas janelas mas do lado de fora…todo o chão do comboio estava repleto de gente a dormir…com um pouco de persistência, lá encontrámos nós também um pequeno espaço onde podessemos pousar as malas e estender um pouco as pernas – claro que no próprio chão da carroagem. Poderia piorar a viagem?? Resposta, pois claro. Passado duas horas de viagem, o comboio para no meio do nada. Entram três agentes da polícia pelo comboio a dentro a pedir BIs. Tudo normal, não fosse o comboio continuar parado por mais meia hora. Desta vez entram dois fiscais da Trenitalia. Pedem os bilhetes, e alguem já impaciente pergunta porque continuamos parados? A resposta è obvia, “O comboio está avariado, esperamos por uma locomotiva que venha de Milão, Roma ou Bolonha”. Duas horas de espera, lá voltamos nós à nossa marcha, primeiro em para-arranca…e depois lá em marcha normal prosseguimos, chegando a Roma com apenas 2 horas de atraso.

Para não restringir a nossa viagem apenas a cidades, inserindo um pouco de ambiente natural e selvagem levando assim à descompressão do stress acumulado que as cidades nos causam e depois da nossa bela viagem de comboio, decidimos ir visitar um dos mais emblemáticos parques nacionais de Itália – Parque Nacional de Abruzzo, Lazio e Molise. Um dos poucos habitats restantes para a subespécie Marsicana de Urso pardo. Apesar do tempo não nos ter permito fazer um grande passeio (chuva e mesmo neve), como o autocarro que faz a ligação ao centro do parque (Pescasseroli) passa por uma estrada pelo interior selvagem do mesmo, permitiu-nos dislumbrar com toda aquela beleza natural, onde um belo Chacal (Canis aureus) mostrou-se, dando o ar da sua graça.

Roma, a capital. Uma cidade que me levou a dois milénios atrás, aos tempos do Império Romano. É fascinante a grandeza dos monumentos, Templos e Igrejas. Uma cidade Museo. Por um lado o fascínio de construir algo sem recurso a grande maquinaria, por outro lado, o agradecimento por se ter inventado a maquinaria actual para poder sassiar a vontade do Homem de contruir sem recurso à escravidão da própria espécie ou outras espécies animais.

Para o Vaticano apenas disposemos de uma manhã, pois apesar de, do ponto de vista artistíco, ser lindo, sente-se no ar a hipocrisía inerente à vida naquele Estado. E como a falta de tempo nos levou a ter de cortar em alguns pontos de visita…

Próxima paragem, Florecia. A cidade da Arte. Onde o “Uffizi” – a maior galeria de arte de toda a Itália – expõe centenas de obras de conhecidos artistas italianos como Botticelli ou Michelangelo entre elas, a mais famosa, a “Sagrada Família” de Michelangelo. Depois por toda a cidade, cada praça, cada rua, cada museo transpiram arte.
Pisa e a desilusão. Uma cidade sem nada, do ponto de vista turístico, natural, histórico ou seja lá de que ponto vista for, excepto a Torre e o Duomo. Uma cidade em que duas horas bastam para obter a desilusão. Chegar, fazer a foto da prache e arrancar. Foi assim que fizemos…talvez um pouco mais demorado devido à escassez de comboios que se espera para um domingo de Pascoa.

Portovenere e CinqueTerre e o mar. E que saudades eu tinha do mar. Foi espectacular rever aquele que é um dos meios que mais me fascina e me permite refugiar em piores alturas. Toda a costa recortada dividindoo mar do continente è fascinante. A natureza deste tipo de ecossistema é especial e o efeito do cheiro da maresia único.

Génova è conhecida por ser semelhante a Lisboa. Talvez as ruas estreitas do centro ou talvez por ser uma cidade portuária. Entre todas as cidades que visitamos, foi aquela que menos me chamou à atenção, apesar da proximidade ao mar, o porto é incrivelmente feio e industrial. Talvez isto se tenha devido aos fortes bombardeamentos que tenha sofrido com a segunda Grande Guerra. Resta parte da casa onde se pensa ter nascido Cristovão Colombo, que por espanto meu, os Italianos terem como dado adequirido ter nascido em Itália.

Turim a cidade americana. Uma cidade geométrica. Onde as ruas são todas paralelas. Com uma avenida central longuíssima que atravessa todo o centro da cidade, e se deixa perder de vista. O museo do cinema é genial. Com uma grande componente de interactividade entre as técnicas cinematográficas e os visitantes.

Por fim, a última cidade, Milão. Actualmente conhecida como a cidade da moda. Uma cidade que para mim não tem grande piada, a não ser o Duomo, com o seu estilo Gótico que para mim é dos mais belos estilos que sempre existiram. As galerias Vittorio Emanuelle II é talvez o sítio mais procurado por quem busca aquela camisa ou aquelas calças ou aquela mala…e gasta 1500 euros numa gravata, e depois a vai mostrar, pondo a etiqueta para fora (o que desde sempre me disseram que è andar descomposto, mas vai se lá perceber estas modas), aos seus amigos(?) para estes verem que tem uma qualquer coisa da Prada.

E assim acabou a nossa aventura, que me enriqueceu verdadeiramente ao nível cultural e pessoal. Tiro um saldo positivíssimo de toda esta viagem, e agradeço à Tania pela visita e por me ter acompanhado nesta viagem.
Resta-me agradecer a todos os amigos e amigos de amigos e pessoas que nunca me tinham visto antes, mas que me disponibilizaram um tecto e uma cama para dormir e assim realizar toda a viagem sem despender demasiado dinheiro, que não tinhamos, característico de estudantes como nós, com uma grande vontade de viajar mas com um pequeno bolso para a suportar.

As fotos de toda a viagem, podem ser vistas em:
http://picasaweb.google.com/OliveiraMSNuno/EntreVenezaERomaPassandoPorMuitasOutrasBelasCidadesParte1
e
http://picasaweb.google.com/OliveiraMSNuno/EntreVenezaERomaPassandoPorMuitasOutrasBelasCidadesParte2

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Parco Nazionale Gran Paradiso, Vale d'Aosta, Itália


De mala às costas com roupa e comida para quatro dias e o material de trabalho, lá nos fizemos nós, Eu, Fra e Davide, a mais uma caminhada espectacular, montanha acima, com o objectivo de chegar ao abrigo que nos ía acolher (que como mais à frente, pouco mais nos fornecia que um bom tecto) e para assim podermos fazer mais uma sessão de capturas de lebre branca. Uma caminhada de uma hora e meia com muita neve e não muito frio, que com o evoluir do tempo se tornou num calor quase insuportável.

Chegados ao topo daquela enorme colina, 2165m acima do nível do mar (a.s.l.) podemos respirar um pouco e poder admirar a bela paisagem que nos rodeava. Mais uma vez me senti imensamente pequeno perante enormes montanhas que me rodeavam em todos os 360 graus. De todos os lados emergiam do chão enormes montanhas com os seus belos 4000m, e entre elas, lá estava aquela cujo o nome o dá ao parque, Grand Paradiso, com os seus 4061m (confirmados por Davide que já subiu em tempos ao seu topo) dando-lhe o estatuto de a maior montanha unicamente Italiana. Depois de admirarmos todo aquele panorama, lá fizemos nós os últmos 200m e…lá estava ela, a nossa bela casa que por 4 dias e 3 noites nos iría acolher humildemente, no meio de enormes montanhas e sujeita frequentemente a perigo de avalanche. Mesmo o facto de sabermos que era a primeira vez que alguem ali passava mais de uma noite em pleno inverno não nos assustou, e lá nos dirigimos nós ao nosso palácio.

Não muito diferente do que já estamos habituados nos vários refúgios das nossas áreas de estudo, lá entrámos naquela casa que pouco mais nos tinha para oferecer que 4 paredes, um telhado e uma lareira que de vês em quando tinha a mania de encher a casa cheia de fumo. E assim se passaram três belas noites à luz de velas, sem wc, incomunicáveis e isolados do mundo, a ir buscar água a um pequeno reacho que passava junto a casa e a ter todas as noites a companhia de um ou outro pequeno roedor a fazer o seu zeloso trabalho ruidoso. Mas todo aquele paraíso natural compensa bem a falta destes pequenos luxos que a sociedade nos fornece.

Apesar deste trabalho não fazer parte do meu projecto, a experiência valeu bem a pena. Fiquei assim a conhecer um mundo novo e diferente, que a maioria das pessoas que a poucos quilómetros habitam, mais teve a oportunidade de o ver e sentir. Em termos de trabalho foi uma desilusão por não termos capturado nem uma lebre. Mas è esta a vida da investigação, nem sempre corre pelo melhor, nem sempre corre como nós queremos e gostariamos. O esforço de acordar às 6h30 da manhã para percorrer todas as armadilhas na esperança de que, pelo menos uma, tivesse um habitante temporário foi em vão. Mas espera-se que das próximas sessões, que em princípio não serão feitas na minha presença, o resultado seja bem mais positivo.

Durante os 4 dias ainda ficou o registo das diversas espécies faunísticas que observámos: Capra ibex, Rupicapra rupicapra, Loxia curvirostra, Parus ater, Corvus corone corone, Aquila chrysaetos (2 juvenis) e Falco peregrinus.
Na viagem observámos: Ardea cinerea, Egretta alba, Phalacrocorax aristotelis, Buteo buteo, Falco tinnunculus, Pica pica, Gavião, Turdus merula, Passer domesticus, Corvus corone cornix e Garrulus glandarius.

Foto de Francesco Bisi.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

De volta à bela Itália...ao trabalho...e às saudades de casa!!!

Depois da sugestão lá decidi criar um blog, e renunciar ao belo blog do hi5!!!

Assim, e na sequência das mensagens que ía escrevendo em jeguie.hi5.com, e apesar da grande paragem, cá volto eu a deixar algumas das experiências pelo que passei nestas últimas semanas.

Depois de 4 semanas de "férias" (como muitos diziam), em que aproveitei, para alem do trabalho, para apaziguar algumas saudades que tinha da minha familia, amigos, dos sítios e dos momentos...depois de uma bela noite de natal com a familia...depois de tantas noites em que aproveitei para estar com os meus amigos...depois de tantos cafés bebidos...de tanta SAGRES bebida....depois de uma espectacular passagem de ano de 4 noites que vão ficar para recordar...depois da viagem de retorno a Itália e chegar às 3h da manha a casa com a mana Diana...depois das duas primeiras semanas de um sentimento de solidão e de falta daquele quase mês em Portugal...depois de voltar às festas de Varese entre Erasmus e muita gente bacana que ajuda em muito a não sentir tanto a falta de casa e a vontade de para lá voltar...depois de voltar a casa com as minhas manas...depois de voltar ao trabalho de campo com um cenário expectacular (a bela cordilheira Alpina). Depois de.... lá estou eu aqui. Pronto para mais 6 meses de trabalho, diversão e crescimento...

Posso dizer que estas duas últimas semanas de trabalho têm sido expectaculares...mas como nem tudo são rosas...o esforço fisico por que tenho passado (e que para os que me conhecem sabem que não tenho problemas com isso) é o maior desafiu que alguma vez enfrentei. Desde ter de abrir caminho a andar por 3 ou 4 kms com 1 metro de neve, a ter de fazer caminhadas de 1h a subir com neve, botas de neve e raquetes de neve, cheio de roupa para ao início não ter frio e que passado 5 minutos nos estão a provocar um calor quase insuportavel, com uma mochila de campo às costas com a roupa e o restante necessário para sobreviver 4 dias, a comida para os mesmos 4dias e mais todo o material essencial ao trabalho... Mas depois todo o trabalho recompensado, a paisagem, a calma que aquele ambiente nos faz sentir, a natureza no seu estado mais puro, são tudo motivos que nos fazem sentir que vale mesmo a pena estar alí longe de todos os luxos que a sociedade nos permite, longe da comunicação com o mundo, e longe de tudo e de todos.

Mas depois volto no fim de semana à civilização, e entre festas e boas seratas passadas entre amigos, de os famosos aperiritos de fim de tarde e até de uma ida ao hospital para acompanhar uma das minhas maninhas após um pequeno incidente, recarregam-se baterias e assim me preparo para mais uma semana de trabalho.

Desta vez o trabalho terá como cenário os Alpes Italio-franceses em Vale d'Aosta. Apesar de não fazer parte do meu trabalho é mais uma semana de experiência e um novo sítio e parque que vou conhecer. Espero que seja uma semana com melhores resultados que a semana passada em que não capturamos nada em Vezzola.

Este é o local onde capturamos (eu não, mas a equipa) uma lebre comum a uma altitude de 2000 e muitos metros de altitude...uns dizem que pode ser normal...outros que poderá ser o aquecimento global...fica ao critrério de cada um.

E por aqui me fico, com a promessa de não demorar tanto tempo como desta vez a dar sinais de vida.

Nuno